– Você é louca garota? Por onde esteve? - Amanda atendeu o telefone aos gritos e demonstrando desespero na voz.
– É uma longa história - Demi riu baixo - mas eu preciso que me busque, você poderia me fazer esse favor?
– Onde você está? - perguntou nervosa.
– Em frente á loja Forever 21.


Quando Joe acordou a primeira coisa que fez foi se virar com a esperança de observar Demi. Mas ela não estava lá. Seu coração acelerou. Ele buscava em sua memória alguma forma para poder encontrá-la novamente e se perguntava por que foi abandonado, ela não havia deixado nem uma carta, um recado, nada. Recordou sorrindo da noite de amor que tiveram. Ele a queria. Embora ele não soubesse sua idade ou qualquer outra informação sobre a vida dela, além de seu nome. Ela tinha algo de especial e ele iria encontrar ela novamente, disso ele tinha certeza.


– O que vai falar pra sua mãe? Ela me ligou mais cedo perguntando sobre você, pelo tom de voz, não parecia estar nada bem. Me conte por onde andou e o que houve com você noite passada depois que fui embora.
– Amanda, agora não... Me deixe raciocinar sobre o que fazer pra despistar minha mãe, e você poderia ajudar com isso também. - respondeu reclamando.
– Foi com o Wilmer? - ela insistia.
– O quê? - indagou surpresa, seguido de uma gargalhada - por que a pergunta?
– Me conte como foi - Amanda fingiu entusiasmo para ouvi-la.
– Desencana Amanda. É muito pessoal, não sei explicar - disse sorrindo - não tem nada de Wilmer. Eu, hein. Ele não tem nada de tão especial assim. - finalizou o assunto fazendo uma careta engraçada.
Amanda se sentiu incomodada com o descaso com o qual Demi tratou Wilmer, mas sentiu-se aliviada por saber que não houve nada além da ficada entre os dois, perdeu rapidamente o interesse em saber de quem se tratava. Já Demi agradeceu em pensamento por não ser mais questionada.


– Demi, o que aconteceu com você? A mamãe teve que ser dopada por causa do seu sumiço. Você a conhece. - repreendeu Dallas.
Demi estava exausta demais para ter que lidar com todo o estresse, desejava só a sua cama e mais nada.
– Eu sei. O que importa é que ela está bem, e eu aqui. Agora eu preciso ir pra minha cama. Com licença.
– Escuta aqui - Dallas a puxou pelo braço - você sabe que eu trabalho e estudo, e você é quem deve, ou melhor, deveria cuidar da nossa mãe pelo menos enquanto eu não estou em casa. Sabe a verdade? Eu me sinto mal por não poder estar sempre presente na vida dela tanto quanto você pode, mas não o faz. Perde o seu tempo fora com aquela sua amiga. - disse a última palavra ironicamente - O que aconteceu com você? - perguntou franzindo o cenho demonstrando tristeza, mas Demi sabia que ela não queria suas explicações.
Se afastou de Dallas, foi para o seu quarto e se afundou em lágrimas. Entrou para o banheiro, trancou a porta e procurou desesperadamente por objetos cortantes. Sem nada, quebrou o espelho, liberando com a ação todo o ódio que já estava sentindo, pegou um caco e aprofundou em um de seus pulsos, os rasgou até o tamanho do corte chegar á palma de sua mão. A dor era gritante, mas a afastava desta ao mesmo tempo. Desejava não existir. Encostou-se na parede aos prantos, escorregando as costas até sentar no chão. Chorou por algum tempo, limpou a bagunça que fizera pra evitar algum tipo de descoberta da mãe e de sua irmã, se despiu vestindo um camisão de mangas compridas e foi para a cama. Dormiu aos soluços.


– Mãe, eu vou na casa da Melissa. - Dianna a interrompeu - você está de castigo e não quero ouvir protestos.
Sentiu um ódio momentâneo por se sentir rendida pela mãe, desejava brigar, xingar, mas se controlou e correu para seu quarto. Ao trancar a porta, buscou por duas mala, abriu o guarda-roupa e jogou em sua cama tudo o que tinha. Separou o que achava realmente necessário, mas levou quase todas as peças. Pôs também todas suas bijuterias. Fugiu pela janela silenciosamente tentando conter as lágrimas. Em cima de sua cama deixou um vestígio de sua escapatória.
"Mãe e Dallas, me desculpem pela minha inconveniência. Eu nunca quis machucar vocês, eu as amo mais do que tudo. Mas eu vou. Cansei de ser o motivo do fracasso e tristeza em nossa casa. Depois de nossa mudança, eu não sei o que aconteceu comigo, me desculpem. Espero que me perdoem. Beijos, Demi."


Quando Demi chegou á Los Angeles já era pouco mais que 22:00 pm, embora a diferença de horário entre sua cidade e L.A fosse somente duas horas, estava meio desorientada. Saiu do aeroporto, chamou o táxi e seguiu como o endereço que lhe foi passado indicava. Estava maravilhada com aquela cidade, definiria como "O lugar dos sonhos", pensou que talvez tivesse se impressionado tanto por sempre ter morado em uma cidade que não chegasse ao nível daquela que pela primeira vez admirava com seus próprios olhos.
– Boa noite, senhorita. Miley já me avisou sobre você, te levarei até seu novo apartamento - era um rapaz jovem, esguio, de olhos e cabelos negros, tinha um sorriso acolhedor nos lábios - Me permita pegar suas malas?
Demi assentiu com um "obrigada" e seguiu o gentil rapaz. Enquanto o acompanhava, admirava o local, notou duas piscinas olímpicas e uma imensa sala de ginástica pelo caminho o qual iria em direção á moradia de Miley.
– Minha linda! Que saudades de você! - Miley abraçava Demi apertado, a última mal conseguia respirar.
– Também senti muito sua falta. Toneladas! - se soltou dos braços dela, tossiu e deu uma gargalhada. Miley estava linda, seus longos cabelos castanhos acobreados, que estavam soltos e meio bagunçados, iluminavam o fino rosto dela e combinava com seus dois lindos pares de olhos claros. Usava uma blusa branca de tecido fino e shorts.
– Entre! - disse Miley à Demi, sorrindo - muito obrigada pela gentileza Mark - agradeceu Miley educada e com um sorriso gentil no rosto. Ele assentiu e se retirou. Demi carregou uma das malas e Miley a outra, a primeira deixou-se ser guiada pela amiga até o quarto onde ficaria. Ao entrar, ficou boquiaberta.
– E-e-eu... - pigarreou - vou dormir aqui? - perguntou espantada.
– Claro! Todo seu! Você vai morar aqui, então relaxa, a casa já é sua também. - Miley riu. Ambas depositaram as malas dentro do quarto encostadas na parede ao lado da porta. Seguiram até uma bela sala.
– Senta aí - disse Miley - você quer água, comida, refrigerante?
– Não! Muito obrigada mesmo! - Demi agradeceu dando uma gargalhada nervosa com a ótima recepção da amiga. Miley sentou-se ao lado dela.
– O que te trouxe até aqui?
A pergunta a fez tremer. O que ela queria lá? Nem a mesma tinha certeza. Ficou pensativa por um tempo.
– Quero conseguir um papel em algum filme, série... ou até mesmo ser cantora!
– Você sonha alto! - Miley disse rindo - isso é bom. Vou te ajudar o possível, mas afirmo que não é fácil, tem que batalhar bastante. Você irá ouvir "nãos".
– Eu enfrentarei - disse séria, mas rindo de canto. Ambas deram risada.
– Dems, conheci um garoto muito amável! - Miley contou, empolgada.
– Eu também! - a amiga disse com um gritinho. - bem... na verdade, ele é bacana e... quente! - ria Demi.
– Conta você primeiro - Miley pediu.
Demi respondeu com um conhecido "Não, você primeiro", mas Miley a olhou com reprovação, fazendo-a dizer logo.
– Já que você insiste... - revirou os olhos - O nome dele é Joe. Ele é moreno, mais alto do que eu, cabelos negros, barba mal-feita... irresistível - concluiu com um suspiro.
– Acho que alguém está in love... - Miley fez uma vozinha fina. - o que rolou entre vocês?
Demi corou e deu uma risada tensa. Miley semicerrou os olhos, analisando a expressão da amiga.
– Só uma noite... - murmurou cabisbaixa.
– Você tá com vergonha de me contar isso? - Miley disse fingindo indignação - Boba. Pode me contar tudo se você quiser.
– Ele é ousado.
Miley riu alto.
– Entendi... - continuou encarando Demi esperando que esta Demi prosseguisse.
– Foi muito bom... Conte-me sobre o seu garoto.
– Seria bom se isso fosse verdade. Ele se chama Nicholas, mas prefere ser chamado de Nick. Ele é tão lindo - suspirou - tem cabelos de anjo, castanhos escuros, a fala mansa e olhos misteriosos... - o descrevia sorrindo e com a voz suave - é um amor de pessoa. Você vai adorá-lo. Ele começou a carreira há pouco tempo, formou uma banda com os dois irmãos mais velhos dele. O grupo se chama Jonas Brothers.

Elas conversaram até altas horas. Demi se sentia confortável na presença de Miley. Ela sabia como fazer as pessoas se sentirem bem ao seu lado, adorava fazer todos rirem. Embora fosse bastante sarcástica na maioria das brincadeiras que fazia, era a garota ideal para se conviver ao lado. As duas se conheciam desde a infância, cresceram juntas em Albuquerque, Novo México. O que Demi mais admirava na amiga era seu jeito livre e batalhador de ser. Miley era a única que a entendia com um olhar e era disso que ela precisava.

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