Um mês depois
       Era uma tarde chuvosa de sábado, eu assistia o filme "Titanic". Você deve se perguntar porquê um marmanjo como eu assistiria a esse filme, relembrando que eu estava sozinho. Mais estranho ainda! Estava bastante emocional. "Ugh!", devo dizer? Ah, só porque sou homem não significa que eu devo evitar assistir filmes melodramáticos, não quando estou sozinho. Estava envolvido no momento em que Rose chorava e se despedia de forma tocante de Jack, quando percebeu que ele já havia morrido logo quando avistou um bote. Então o telefone tocou. Xinguei mentalmente por aquele toque ter acabado com o clímax.
- Alô?
- Nick, é a Avril.
- Oi... o que foi?
- Só pra te avisar que a Demi deu os primeiros sinais. Uma lágrima escorreu dos olhos dela quando ouviu a voz da mãe.
       O assunto "Demi" já havia sido deixado um pouco de lado por mim por falta de esperança. As recomendações médicas feitas á dona Dianna eram de que era melhor deixar que sua filha permanecesse naquele hospital e que o transporte dela para qualquer outra cidade, estado ou país naquela situação crítica poderia agravar o estado. Portanto Dianna esteve morando no residencial onde a filha vivia, aqui em Londres. Camilla já havia deixado a cidade e voltado á Madri por causa de sua faculdade. Havia um tempo que eu não via Demi, apenas ligava para a mãe dela para não fazê-la se sentir sozinha. Ela era uma ótima pessoa. Os médicos já não tinham expectativas para Demi, então me afastei para evitar mais sofrimento.
- S-sério? - eu finalmente reagi depois de alguns minutos de tensão.
- Sim!
- Tá... você tá no hospital?
- Hum hum.
- E-eu... vou me vestir e já estou indo até aí. - então desliguei o telefone. Titanic, não foi dessa vez que chorei por sua causa.



       Levei uns quinze minutos pra chegar até o hospital, o trânsito estava um caos! Me dirigi até o local dando passos rápido e segui até o quarto onde Demi estava.
- Oi... posso entrar? - falei com colocando a cabeça para dentro do quarto com a porta entreaberta após ter dado leves batidas. A mãe de Demi deu um sorriso brilhante para mim, assentindo. Ela estava sozinha. Onde estaria Avril?
- Saudade de ver você. Faz um bom tempo que não aparece por aqui. - ela disse com o olhar distante. Apenas sorri fraco.
- Como ela está? - perguntei sobre Demi.
- Ela reagiu. Os médicos não sabem ainda quando ela vai acordar. Mas já foi um ótimo sinal. - Dianna me contou sorridente. Vê-la feliz daquela forma me fazia feliz também. Era tão sincero.
- Você não quer tentar se comunicar com ela? - encarei-na com os olhos arregalados e apontei para mim mesmo com dúvida. Será que eu deveria? Ela assentiu.
       Fui em direção a cama em que Demi estava, a encarei por alguns segundos dando um suspiro profundo antes de tocá-la. Então peguei em sua mão e acariciei. Coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha sem soltar sua mão. Ela não correspondeu aos meus atos. Dei um suspiro triste... ou ela estava dormindo ou só não quis reagir.
- Fala com ela... - Dianna me incentivou com um sussurro audível.
- Demi... você pode me ouvir? - perguntei fraco enquanto acariciava sua mão macia e sensível. - É... o Nick.
       Proferi as duas últimas palavras sem força por medo de sua possível reação. Dianna então falou com Demi sem se levantar da cadeira:
- Filha... é a mamãe. Tudo bem?
       Demi não reagiu. Sorri derrotado e soltei sua mão. Então a assisti fazer um movimento quase que imperceptível com a mão que eu segurava. Dei um passo para trás pegando em sua mão novamente, ela apenas moveu fraco o polegar. Dei um meio sorriso e depositei um beijo em sua bochecha, pude sentir sua respiração quente.
       Deixei o quarto me despedindo de Dianna, aquele momento me chocou. Fui pegar um pouco de ar lá fora. Não quis forçar Demi a fazer mais do que podia. Depois daquele tempo todo recebo um sms de Avril se desculpando por não ter avisado que tinha um compromisso.

Duas semanas depois

       Estava descansando no sofá quando recebi a notícia pelo meu irmão de que Demi havia acordado. Meu coração acelerou os batimentos. Eu só acreditaria vendo, mas isso não aconteceria tão cedo. Não queria que ela me visse. Não ainda. Ela tinha muita informação para assimilar depois de passar quase dois meses em coma.
       Andrew havia visitado ela, claro. Nós ainda não estávamos nos falando, não tanto. Só nos momentos necessários, depois da briga que tivemos ele até amenizou seu humor quando se tratava de mim. Ele só agia um pouco indiferente, como se não se importasse, fora isso, o resto era normal.



       Era um fim de tarde de sexta-feira e resolvi ir a uma praça para esfriar cabeça. Já fazia um pouco mais do que uma semana que Demi havia acordado do coma, e eu ainda não tinha a visitado. E pra falar a verdade eu achava melhor assim. Pra nós dois. Eu seguia com os estudos cada vez mais pesados e ela com sua recuperação. Meu irmão a visitava quase sempre, e ele não me falava, eu sabia pelos outros. Mas sempre respeitei essa sua atitude.
       O pôr de sol estava maravilhoso, a temperatura da época era amena e refrescante. Assisti aquela cena bonita respirando o ar fresco, que eu só encontrava ali e na imensa estufa de meu pai. Viajando em pensamentos de repente parei na realidade para observar uma jovem graciosa que vinha na direção em que eu estava. Não era pra falar comigo, óbvio. Ela tinha os cabelos longos e ondulados num tom de mel, usava pouca maquiagem e podia expressar paz em seu olhar. Vestia roupas adequadas para o clima. Ela percebeu que eu observava e olhou para mim... aquela garota era a Demi.

NICK OFF




DEMI ON


       Havia passado tanto tempo que eu não visitava a praça mais refrescante da cidade, então resolvi ir andar um pouco por lá. Eu não lembrava de muita coisa naquele ambiente... segundo os médicos, o coma havia afetado 30% da minha memória. Eu lembrava aos poucos. A única pessoa que não esqueci mesmo foi da minha mãe. De meus irmãos e minha prima Camilla eu lembrava, mas alguns momentos que já passei com eles em minha vida simplismente foram deletados da minha memória. Isso me entristece um pouco.
       Eu lembrava dos meus amigos da faculdade, quero dizer, mais de Katy e Avril, mas quando as vi pela primeira vez depois de acordada era como se elas fossem minhas colegas de primeira semana de aula: sem intimidades e eu agia de forma meia tímida com elas. Com Andrew eu já me senti mais á vontade, mas ainda assim eu o interpretava meio que entrosado comigo, ele tinha intimidade comigo, eu com ele, não tanto.
       Eu estava andando calmamente pela praça quando senti que estava sendo observada. Quando virei meu olhar para a pessoa me deparei com um homem de expressão bastante máscula, cabelos curtos com um leve topete e usava barba. Seus olhos miúdos eram tristes e cansados. Aparentava ter uns 25 anos, e até que ele era bonito. Franzi o cenho. Aquele rosto era familiar... Quem era aquele garoto?




--} Respostas dos comentários no capítulo anterior:

Anônimo: muito bom saber que estou me superando, muito obrigada pelo comentário incentivador! ;)


Cami: ok... agradeço por estar gostando... Rs. Quando as aulas começam fica complicado entrar mesmo: ou estudo ou computador. E não precisa nem ficar em dúvida sobre qual escolher, né... haha, fato. Comente quando puder! Bjs! =)

1 comentários:

Anônimo disse...

Oque será q vai acontecer ein ? .. tah perfeito ..

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